O realismo Português:
O realismo em Portugal aparece nos últimos anos da década de 60 do século XIX com a Questão Coimbra.
Esse movimento reflete o pensamento da elite intelectual do país insatisfeita com o clero e a monarquia.
Se desenvolveu durante o período de agitação política, social e cultural.
As ideias da “Geração de 70” foram essenciais para o avanço da literatura portuguesa. Foram capazes de modificar as posturas e as atitudes, trazendo à tona temas de caráter social.
Datas a conhecer:
- 1865: Questão Coimbrã - início do Realismo em Portugal.
- 1890: Aoristos, de Eugênio de Castro - início do Simbolismo em Portugal.
A Questão Coimbra
A Questão Coimbrã (também chamada de “Questão do Bom Senso e Bom Gosto”) representou uma polêmica travada em 1865 entre os literatos portugueses.
De um lado, estava Antônio Feliciano de Castilho, escritor romântico português. De outro, o grupo de estudantes da Universidade de Coimbra: Antero de Quental, Teófilo Braga e Vieira de Castro.
A Questão Coimbrã foi o marco inicial do movimento realista em Portugal. Ela representou uma nova forma de fazer literatura, trazendo à tona aspectos de renovação literária aliado as ideias que surgiram na época em torno de questões científicas.
Por isso, ela se afasta dos moldes ultrapassados dos ultrarromânticos, atacando assim, as posturas de atraso cultural da sociedade portuguesa da época.
Nos anos 70, os intelectuais que integravam o grupo de Coimbra promovem um clico de palestras que ficou conhecido por "Conferências Democráticas do Casino Lisbonense".
Entre os participantes do ciclo está o jovem Eça de Queiros, que estava alheio à Questão Coimbrã, mas havia aderido ao novo pensamento realista.
Origem:
As origens do realismo encontram-se na França, em 1857, com a publicação de Madame Bovary, de Gustave Flaubert, que inicia um novo ciclo da cultura francesa, calcado na análise crítica da sociedade; é ela a obra inaugural do Realismo; Em 1867, ainda na França, a obra Thér -se Raquin, de Émile Zola, inaugura o Naturalismo.
Contexto Históricos:
À época do Realismo, a Europa vive a segunda fase da Revolução Industrial, com o desenvolvimento dos transportes e comunicações, e assiste à polarização da sociedade em duas classes sociais principais: a burguesia industrial e o proletariado.Acontecimentos:
- Progresso definitivo das cidades;
- Avanços científicos e tecnológicos;
- Desenvolvimento de novas correntes filosóficas e científicas;
- Renovação política e cultural influenciada pelas ideias liberais;
- Disseminação das ideias socialistas e anarquistas.
Instaura-se, abertamente, a rivalidade.
De Coimbra, Antero de Quental, jovem líder do grupo que se opõe a Castilho, contra-ataca com o opúsculo intitulado Bom-Senso e Bom-Gosto, em 1865. Estava deflagrada a Questão Coimbrã, e foi responsável pela introdução do Realismo-Naturalismo em Portugal.
Características:
- Objetivismo e Cientificismo
- Materialismo e negação dos sentimentos
- Reação à monarquia e ao clero
- Preocupação com o presente
A produção poética de Antero de Quental é apresentada em três momentos, todos ligados à trajetória de vida do autor.
As primeiras poesias são anteriores à Questão Coimbrã e ainda refletem o modelo romântico. Já os poemas "Odes Modernas" são denominados como um marco em sua obra e apontam uma fase de poesia revolucionária com forte influência do movimento em Coimbra.
O livro mais revelador de Antero de Quental é "Os Sonetos", definidos pela crítica literária como tecnicamente perfeitos e lógicos.
Eca de Queirós (1845 - 1900)
A fase realista de Eça de Queirós é marcada pela trilogia "Cenas da Vida Portuguesa", com as obras “O Primo Basílio", "Os Maias" e “O Crime do Padre Amaro”.
Nas obras, o autor monta um painel da sociedade portuguesa e retrata os múltiplos aspectos da vida cotidiana: a cidade provinciana, a influência do clero, a pequena e a média burguesia de Lisboa, os intelectuais e a aristocracia.